Charles Hermann comenta os desafios do trabalho com moda no Brasil
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Charles Hermann está prestes a completar bodas de prata dentro do mercado da moda. O estilista baiano faz um balanço dos seus quase 25 anos de carreira, onde cita os desafios e também celebra as conquistas ao longo de quase duas décadas e meia dedicadas ao universo fashion.
O diretor criativo e sócio da Victoria Alta Costura conta que se considera uma pessoa super realizada profissionalmente e que é muito feliz ao olhar e ver tudo que conquistou ao longo da sua carreira. “Nossa, eu sou muito realizado. Quando entrei nesse universo nunca imaginei que ao passar dos anos a moda seria parte de mim. Comecei muito jovem, não tinha dimensão ou sequer imaginava que realizaria tantos sonhos com a minha carreira como estilista. Conquistei tanto profissionalmente, como também tive muitas realizações pessoais. Através da moda, consigo enxergar que posso muito mais e que tudo é possível para quem sonha e vai atrás”, disse o profissional que é estilista e sócio da Victoria Alta Costura.
A sua relação com a indústria da moda começou quando o baiano era modelo, entre castings, shootings e desfiles, mas ele revela que foi um período de grande insegurança. Ele também contou que foi em um trabalho internacional que conheceu de perto a profissão de estilista e se apaixonou.
“Passa um filme na minha cabeça e um mix de sentimentos para relembrar o início da carreira como modelo. Eu lembro que no início estava muito inseguro, era algo muito grandioso, principalmente para a vida simples que tinha em Salvador, tudo era muito novo e fui me deixando ser guiado. Em poucos dias, me vi saindo de Salvador, saindo da casa dos meus pais e indo morar em Nova York, pra vocês entenderem a magnitude, era muito distante conhecer o que exterior no meu universo, fiz grandes trabalhos para diversas marcas internacionais”, relembra.
“Mas a virada de chave da carreira de modelo para estilista aconteceu em Milão, estava na oficina de uma marca e achei aquilo insano, sentir que era o meu universo de criar executar e poder proporcionar a muitas pessoas um pouco do meu trabalho e desde então passei a idealizar o de eu queria chegar, e hoje eu estou aqui fazendo o que amo há mais de duas décadas”, relembrou o diretor criativo que já vestiu grandes nomes nacionais e internacionais”, explica o estilista e ex-modelo brasileiro.
De uns tempos pra cá, tem criado força nas redes sociais um movimento em prol a valorização das marcas e dos estilistas nacionais, Charles confessa ainda não enxergar os efeitos desses debates no dia a dia, mas ressalta a grandeza da moda brasileira.
“Eu ainda não vejo resultados desse debate, enxergo que ainda há um caminho árduo para a moda nacional ser valorizada como deveria. Enxergo que ainda falta que os stylists, figurinistas, estilistas, modelos e consumidores comecem a ver as marcas nacionais com grandeza, digo isso porque as pessoas tendem ainda no dia a dia, fora das redes sociais, a dar valor às grifes internacionais, que consumam, pagam e divulguem da mesma forma que fazem com as grandes maison internacionais”, frisa.
“A moda do Brasil é linda, somos muito criativos e temos inúmeros estilistas talentos de norte a sul do país e isso é inegável, mas ainda há muita gente que cai no antigo e famoso erro que é copiar o que já existe lá fora, esquecendo que podemos sair da mesmice e criar peças originais”, finaliza.