Moda upcycling: baiana reduz o impacto ambiental na produção de roupas e acessórios
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A prática está cada vez mais comum no cenário da moda sustentável no Brasil e redefinindo conceitos de luxo e flexibilidade.
O reaproveitamento de materiais que seriam descartados da indústria e manter a sua qualidade já é realidade na moda brasileira. Para provar que o meio ambiente e o mundo fashion são termos que caminham juntos, a técnica upcycling se mostra uma das melhores opções quando o assunto é moda sustentável.
Segundo levantamento da Global Fashion Agenda, organização sem fins lucrativos que promove a colaboração da indústria na sustentabilidade da moda, a indústria têxtil é o segundo setor mais poluente do mundo, responsável pelo descarte de cerca de 92 milhões de toneladas de resíduos anualmente. De acordo com a pesquisa, até 2030 a projeção de aumento ainda é maior, chegando a 140 milhões de toneladas anuais.
Em meio a uma velocidade absurda de informações e novas tendências, que incentivam a aquisição de novos produtos e potencializa ainda mais seu descarte, o upcycling vem como uma proposta oposta, visando reduzir os impactos causados por essa rapidez.
Dentro dessa perspectiva está inserida a Santo B, marca brasileira especializada na produção de moda upcycling. Para a produção dos produtos, a sucata que seria descartada pela fábrica vira bolsa, porta-vinho, lixos de carro, porta-lápis, porta-moeda, porta-cartão e chaveiros.
De acordo com a designer de moda e empresária da marca, Márcia Carvalho, o método se tornou uma resposta inovadora à necessidade de práticas mais sustentáveis. “É uma importante solução para o meio ambiente, pois o lixo têxtil hoje é um grande problema no mundo e o upcycling dá um respiro, um alívio ao meio ambiente. Isso porque, a partir do momento que um material destinado ao descarte se transforma em produto para ser utilizado, aliviamos o impacto do lixo no planeta, explica.
No upcycling, que em português significa “reutilizar”, o “lixo” não existe, mas sim materiais que podem gerar uma vasta possibilidade de produtos. A prática salva resíduos de passarem anos em aterros sanitários e lixões, mantendo até suas características originais, otimizando o ciclo de vida e fazendo parte economia circular, que relaciona desenvolvimento econômico com maior responsabilidade no uso de recursos naturais. “Quem faz moda precisa ter responsabilidade com o ambiente, porque a gente está trabalhando para o futuro. Fazer upcycling ou reciclar o produto é responsabilidade e é muito viável”, destaca Márcia.
Com o material em mãos, a única etapa terceirizada é a estruturação das bolsas, principal produto. “Nossa base e estrutura de produção sempre é a sucata. Se uso as cordas, o que sobra delas eu utilizo para fazer outras coisas. Eu tento ao máximo não ter lixo. Faço o porta-cartão com o que sobra dos recortes das bolsas e assim por diante”, Márcia explica.
Ela também cita que o intuito das bolsas é não seguir tendências, mas mostrar que um produto pode ser bonito, sustentável e ainda de uso flexível. Além disso, a designer reforça a importância das vibrações nordestinas presentes em suas inspirações e o design que atrai olhares.
“É muito colorido, eu trago isso sempre no meu produto, faço muita mistura de cor, algo bem vibrante e que evoca alegria e animação. Eu já ouvi que o meu produto é divertido e isso é verdade. Não é um produto descartável. Já usei uma bolsa e a coloquei como um cesto de roupa suja. Então os produtos podem mudar de função, tem uma flexibilidade muito grande, você pode usar de diferentes formas. Isso é sustentável”, conclui Márcia Carvalho.