Dia do batom: a história pessoal e profissional de Rosangela Silva com o batom; ‘uma paixão desde a infância’
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Em comemoração ao dia do batom, tivemos o prazer de conversar e entrevistar Rosangela Silva, fundadora e curadora da Negra Rosa, para falar sobre a importância desse item de beleza tão amado por muitas mulheres, especialmente as negras.
Para Rosangela Silva e a Negra Rosa, o batom tem um significado especial, não apenas por ser o primeiro produto lançado pela marca, mas também por sua conexão profunda com a autoestima feminina. “Uso batom desde a minha infância. Ele foi sempre o produto que a mulher negra se sentia mais segura em testar, pois era o primeiro que a gente conseguia usar de fato. Então tenho uma relação de muitos anos com os batons, já fui inclusive colecionadora e sempre achei o item mais democrático e incrível da maquiagem”, revela Rosangela Silva.
Fashion à Porter: Rosangela, você mencionou que o batom sempre teve um papel especial em sua vida. Pode nos contar mais sobre a sua relação pessoal com esse item de beleza desde a infância?
Rosangela Silva (R. S.): Desde criança o batom foi o item de maquiagem que me encantou, era o item que como criança eu podia usar e na adolescência era o item que dava pra usar, que eu me sentia confortável e me sentia bem com ele. Acredito que batom é o item de maquiagem que mais era usado por mulheres negras antigamente, pois outros produtos não atendiam as nossas necessidades.
Fashion à Porter: Como o batom se tornou o primeiro produto da “Negra Rosa” e qual foi a inspiração por trás dessa escolha?
R. S.: Por toda essa minha relação com batom, ele tinha que ser o primeiro item de Negra Rosa, fazia total sentido com a minha relação com o batom, pois eu tinha colações de batons, queria sempre experimentar todos para saber como ficaria em pele negra e compartilhar com as mulheres negras nas minhas redes sociais.
A inspiração era ter um batom “nude” para pele retinta, por isso lancei um tom de marrom chamado Kinah , tinha que ter vermelho, pois a vermelho carrega um tabu com mulheres negras, ainda bem que isso já mudou bastante, o nome do batom era Badu e sempre tem que ter uma cor ousada, eu gosto de cores diferente e intensas, e por isso veio o Makena, que era um tom de cinza azulado. Os nomes dos batons são Africanos.
Fashion à Porter: Como você vê a evolução do mercado de cosméticos para pele negra ao longo dos anos?
R. S.: Vejo uma evolução que foi criada pelas consumidoras negras, quando tivemos acesso a internet conseguimos nos mobilizar e começar a questionar o que as grandes marcas estavam entregando em produtos. Foi a nossa movimentação que mudou o mercado e não o contrário.
Fashion à Porter: Você pode compartilhar alguma história marcante de clientes que teve um impacto especial ao usar os batons da Negra Rosa?
R. S.: Tenho muitas, mas vou focar no lançamento da marca em 2016 quando eu participava de feiras pelo Brasil e as mulheres experimentaram um batom vermelho pela primeira vez e se sentiam confiantes em usar, pois o tom ornava com elas. Isso pra mim era a concretização de que eu estava fazendo o certo, entregando produtos que valorizam a beleza negra.
Achar o “nude” delas com o Kinah também era outro acontecimento, que deixava a gente muito feliz.
Fashion à Porter: Como a Negra Rosa pretende expandir sua linha de produtos para continuar atendendo às necessidades e desejos de suas clientes?
R. S.: Sim!! A gente recebe muitos pedidos de produtos das nossas clientes, que é algo que eu também quero pra marca, então vamos trabalhar muito pra isso acontecer.
Fashion à Porter: Quais conselhos você daria para outras empreendedoras que desejam lançar produtos de beleza voltados para nichos específicos e diversificados
R. S.: Conhecer seu público, entender qual é o problema que ele tem e como seu produto/serviço vai ajudar a resolver. Ter foco no seu negócio, não ter pressa, ser consistente, saber que não é nada fácil empreender, precisa de resiliência.